Páginas

BR728x90cpm02302g.gif


Já é noite, está quente, sinto frio.
Seu semblante - minha ira
Sua carne me alimenta
Seu olhar me condena, seu sorriso me atrai
Minha culpa - sua glória, liberdade
Calejados pés e mãos, língua desgastada
Canções escritas, cantadas sem sentido
Pedido perdido, em vão, o perdão
Farpas e espinhos, seu sangue
Minha sede saciada
Sua dor - minha angústia
Sua pele - fina flor do desejo
Sua alma - complemento
Afogado, reduzido, cinzas nuvens
Tempo fechado, encaro os trovões
Transponho o vendaval, que os raios me partam
A porta que eu entro é só saída
A escada que eu subo é só descida
Tudo as avessas, minhas roupas, minhas meias, minha vida
Seria eu capaz de acordar novamente?
São as mesmas pessoas, gente morta, calafrios.
Velhas novas idéias, novos e velhos conhecidos
Mesmos postes, mesmas ruas, mesmos rios
Passos largos procuro encurtar o caminho
Parece não ter fim, nunca chego
Já não chega? Estou exausto, afogado, reduzido
Minha culpa - sua dor, sua glória e liberdade
Meu gozo, último súspiro
Prazeres mentirosos, carne saciada, o coração ainda sangra
Farpas e espinhos

Nenhum comentário:

Postar um comentário